reality vs non-sense?! stuff?! just feelings though!

segunda-feira, abril 24, 2006

don't conform to formulas !

Cheguei aquela fase em que olho em volta e observo. Observo tudo o que se passa.
Mas isso deveria ser aos 30! - diriam vocês.
Agora não deveria parar para olhar ou pensar, deveria limitar-me a agir e nunca, nunca parar, porque afinal só me resta cerca de uma década até casar e assentar - isto é o que a sociedade me diz.
Ainda assim eu paro e observo.
O quê ? A minha cidade que a cada segundo se modifica um bocadinho, os pequenos pormenores que à minha volta se alteram, mas sobretudo os meus amigos.
É curioso aperceber-me de como uns estão tão diferentes e como outros estão tão parecidos com o que eram há 5 ou 7 anos atrás - ou pelo menos mantêm a mesma essência.
Alguns deles, ao longo dos anos foram convivendo com outras realidades, percebendo como funcionava o mundo na realidade, desenvolvendo certos interesses e ideais, que até certa altura seria quase impossível terem apreendido - devido à educação, à imaturidade, etc.
Outros por sua vez, crescereram sempre muito ligados às suas raízes, ao seu grupo de amigos de sempre, ao seu mundinho de sempre, não tendo criado espaço para o desconhecido, o diferente, ou o verdadeiramente interessante na vida. O que no fundo é pena, porém, não deixam de ser óptimas pessoas por isso.
Outra coisa em que penso é na vida de todos eles.
Um ou outro ainda está a acabar o secundário (há sempre matemática por repetir ou outra disciplina qualquer), outros frequentam os tão correntes cursos superiores, outros estão no último ano dos mesmos (alguns com sintomas esquisitos, talvez com receio da futura fase de trabalhador que se aproxima), e outros ainda já os acabaram e até já mestrado feito têm. Há sempre uma ou outra excepção que abrange os que andam a fazer muito pouco da vida (por mais incrível que pareça talvez ainda não tenham definido objectivos), os que estão em projectos invulgares e os que estudam fora do país (que apesar tudo, sempre é uma forma diferente de estudar e de nos projectarmos para o futuro).
Esqueci-me dos que já trabalham e que criaram empresas. Já não vivem com os pais e até pensam em casar.
Onde eu me insiro neste cenário?
Estou algures ali no meio, mas sempre pronta a alterar qualquer coisa ou a aventurar-me por algum outro caminho, se for esse o meu desejo. Não sei se vou ser sempre assim, mas agora sou e acredito que parte desse sentimento irá acompanhar-me sempre. Há quem já lhe tenha chamado irresponsabilidade ou até mesmo insanidade (esta última implica algumas gargalhadas como é óbvio).
E aí está a grande diferença! A maioria dos meus amigos tem medo de mudar, do próprio acto da mudança, do que os outros vão pensar, da queda que poderão vir a dar, da falta de isto ou daquilo ao tomarem determinada decisão.
Nós somos jovens! Uns miúdos.
Segundo os pais, pelo menos com 22 anos deveríamos ter um curso acabado.
Mas porquê? E se quisermos fazer várias coisas, ou demorar mais tempo que o "normal"? Desde que haja bastante vontade, criatividade e acima de tudo maturidade, não há que ter medo...
Se a felicidade está fora daqui, vamos para fora daqui à descoberta. Se está na outra ponta do mundo, vamos à descoberta dessa outra ponta do mundo.
Se correr mal? Voltamos com um sorriso e tentamos seguir em frente com mais força de vontade ainda, e acima de tudo com o apoio das pessoas mais queridas que ficaram cá (supostamente) a torcer por nós.
Todas as bases já foram inventadas e até mesmo reinventadas.
A nós só nos resta transformá-las vezes sem conta e percorrer os caminhos que 90% do mundo vai igualmente percorrer connosco.
Porque não fazer parte dos restantes 10%... ainda que não seja a tempo inteiro pode ser em part-time.

Love us or hate us, but don't slate us...
So let's push things forward on our own timing.

2 Comments:

Blogger El-Gee said...

Percebo onde queres chegar. De certa forma, e apesar de sempre ter levado uma vida relativamente "normal" (i.e. dentro dos 90%) considero que uma parte importante de mim também anseia pela fuga à normalidade. Parece-me que é tudo uma questão de dois factores que se conjugam: risco e custo de oportunidade.

A normalidade, porquanto possa ser pouco original e às vezes até enfadonha, tem a vantagem de assegurar um futuro, no mínimo, estável. Geralmente, à normalidade está associado o risco mínimo, isto é, a normalidade é uma vida pacata e economicamente estável, provavelmente complementada por uma família e alguns filhos bem-dispostos. O caminho para essa normalidade é geralmente feito com a cabeça no futuro e na estabilidade e – por isso – limita em grande escala o aproveitamento do momento, condicionando o desejo hedonista do prazer imediato e, com ele, o aproveitamento da vida.

Associado a isso temos então o custo de oportunidade (ou trade-off): trocamos bem-estar actual por bem-estar no futuro (os 90%). Quanto mais aproveitamos o dia de hoje (isto é, quanto mais fugimos à “normalidade”) mais hipotecamos a estabilidade futura. Exemplos práticos são estudar ou não estudar, começar cedo a trabalhar ou ir viajar, largar tudo por uma viagem e tantas outras escolhas que temos de fazer; em todo o caso, penso que o que distingue a “normalidade” da procura de novos caminhos é a postura face ao futuro.

E portanto, m, esta escolha (como todos os trade-offs) é um dilema. No entanto, assume particular dificuldade hoje em dia, pois o nosso espaço económico atravessa uma recessão de bem-estar (logo é preciso esforçar-se ainda mais para ter um futuro estável) mas, ao mesmo tempo, há muito que o prazer e a busca da felicidade imediata não estavam tão na moda.

Assim, ser 10% ou 90% é uma escolha com consequências cada vez mais sérias.

Eu, se fosse rico, era 10%. Não sou. Para já, fico um 90% à espera de coragem.

quarta-feira, maio 17, 2006 3:55:00 da tarde

 
Blogger m said...

E é precisamente essa coragem que falta a muitos dos que estao nos 90%.
Às vezes consegue-se conjugar tudo um pouco - a tal ideia de viver nos 10% em part time - mas hoje em dia não é o mais fácil.
Está acima de tudo relacionado com essa mesma questão da oprtunidade: há quem tenha a oportunidade de se estabilizar imediatamente, gostando dessa estabilidade, e continuando sempre assim; há os que, tendo essa estabilidade aparente, ainda tenham necessidade de fugir à regra quando podem; e, por fim, às os que não têm o direito (pelo menos tão imediato) a essa estabilidade, continuando a tenta caminhar para ela, ou simplesmente optando por fugir à regra a 100%, seguindo outros caminhos "despreocupados" - o extremo seria entrar pelo campo da contracultura dos 'hippies'.

O minimamente mais sensato será pensar primeiro em nós.
Depois adaptarmo-nos à sociedade e deixarmo-nos levar (nós criamo-la diariamente), sem receios, e com CORAGEM, para que no caso de um dia para o outro um furacão passar, estarmos preparados para enfrentá-lo e alterarmos tudo, sem o medo de perdermos a casa e o carro.

Conversa infindável...

sexta-feira, maio 26, 2006 12:48:00 da manhã

 

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