reality vs non-sense?! stuff?! just feelings though!

quinta-feira, junho 22, 2006

Dra. Maria Filomena Mónica

Opinião de um tal de Manuel acerca do último livro de Maria Filomena Mónica ("Bilhete de Identidade"), no blog - Grande Loja do Queijo Limiano:

« Se fosse uma obra de ficção o 'Bilhete de Identidade' de Maria Filomena Mónica estaria às portas de ser uma autêntica obra-prima. Se. Não é.

É uma obra amoral e egocêntrica que retrata um percurso errático, desde um berço dourado, até à idade adulta, de uma menina 'bem', que estava 'predestinada' a estar no topo, 'à sua maneira'.

Filomena Mónica vê-se, à distância, como parte de uma casta superior, com direitos e deveres diferentes dos demais.
É uma obra escrita, na primeira pessoa, por alguém absolutamente incapaz de ter sentimentos mais profundos que não os da satisfação do seu próprio interesse.
É uma obra sobre a fachada, a aparência e a traição.
Filomena Mónica, involuntariamente, espelha uma certa crise de valores, onde a única coisa que resta, e tida como certa, é, em bom rigor, o status social, custe o que custar.

Mas o livro é muito mais que o retrato mais ou menos fiel da deriva da autora por este mundo, é também o retrato do, 'pequeno', 'mundo' da autora... de famílias 'bem', que se conhecem umas às outras, que casam umas com as outras e que (julgam? que) 'mandam' em Portugal.
A 'élite', uma 'aristocracia'.
É também o retrato das duas últimas gerações, o qual abarca praticamente toda uma certa burguesia - lisboeta - que não se rebelou contra o Estado Novo, aderindo ao PC, antes 'esperando'.
Da deriva à 'esquerda', primeiro, da 'distribuição' pelos diferentes 'partidos' depois, e da deriva (neo)'liberal', por estes tempos.
É o retrato das certezas absolutas, dos devaneios absolutos, dos direitos absolutos, da arrogância absoluta, o retrato dos que nasceram 'bem', e dos que, de 'fora', tudo fizeram para se 'integrar'.

Literariamente continuo a preferir Ian McEwan, mas vale a pena ler o livro, auto-retrato da autora pretensamente 'à inglesa', mas com toques de um absoluto calvinismo, uma espécie de 'Morangos com açúcar' para intelectuais de pacotilha, escrito com o tradicional, e provinciano, complexozinho de ser 'português'. É que é mesmo um retrato. »



E Maria Filomena Mónica, certa vez afirmou:

“Pela sua natureza, a Universidade é uma instituição que deve ser frequentada pela aristocracia intelectual, que tem como vocação a universalidade e que deve adoptar como critério a exigência. Não é isso que se passa em Portugal. Devido à irresponsabilidade dos governos, ao populismo dos parlamentares e à covardia dos docentes, a Universidade degradou-se para além do que é razoável.”



A propósito do livro, quem não o leu aconselho, pois não é todos os dias que os portugueses escrevem autobiografias tão sem preconceitos.
Eu li. Fascinaram-me todas aquelas páginas. Talvez por ter querido viver na sua época, talvez por achar que detenho um pouco da sua frieza, da sua força de vontade. Talvez por ter querido ter uma mãe assim para ter lutado contra, talvez por ter querido estudar em Oxford e descobrir a Inglaterra dos Beatles - ao fim ao cabo foi mesmo essa realidade de conto de fadas que me fascinou nas suas linhas, foi a impulsividade e a sobrecarga de risco.
De resto concordo com algumas críticas feitas pelo Manuel, quanto ao elitismo e egocêntrismo.

2 Comments:

Blogger El-Gee said...

noutro dia ouvi uma entrevista dessa senhora. Se me dissessem que tem desequilibrios mentais, eu acreditaria. está tudo dito.

quinta-feira, junho 22, 2006 4:57:00 da tarde

 
Blogger m said...

também devo ter, confesso!
mas até me orgulho disso!
Insanidade qb faz bem à cabeça ;)

sexta-feira, junho 23, 2006 12:20:00 da tarde

 

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